Jornal Maio

Estivadores suecos bloqueiam comércio de armas com Israel

Sindicato dos Estivadores (SDU) sueco não se deixará abater nem pela difamação nem por exaustivos processos judiciais. Nenhuma compensação ou ajuste que não inclua o regresso ao trabalho no cais do seu porta-voz Erik Helgeson será aceite.

SDU

O Sindicato dos Estivadores (SDU) sueco reafirmou o seu compromisso de acabar com o comércio de material militar com Israel. O Tribunal do Trabalho escuta, entretanto, as alegações iniciais relativas ao despedimento do porta-voz nacional do sindicato, Erik Helgeson.

Em dezembro do ano passado, o Sindicato dos Estivadores sueco organizou um referendo sobre uma acção sindical de embargo do transporte por portos suecos de material militar de e para Israel. 68% dos sindicalizados de todo o país votaram a favor de avançar com o protesto, em solidariedade com a população civil palestiniana de Gaza e da Cisjordânia.

A acção do sindicato foi ferozmente contestada pelos empregadores portuários tanto na comunicação social como junto do Tribunal do Trabalho sueco. O sindicato avançou na mesma. Em fevereiro, o Tribunal do Trabalho concluiu pela legalidade da acção de solidariedade, que se poderia desenrolar nos termos planeados.

No entanto, no próprio dia do veredicto, o porta-voz do sindicato e vice-presidente nacional, Erik Helgeson, foi despedido pelo seu empregador, o Terminal Roro (de embarque e desembarque rolante) de Gotemburgo, cujo proprietário é a DFDS. O empregador notificou o despedimento em comunicado de imprensa em que referia preocupações de “segurança nacional”.

Esta semana, oito meses depois de defender em tribunal a acção solidária do sindicato, Helgeson voltou ao Tribunal do Trabalho de Estocolmo. Estava em causa, desta vez, o seu próprio despedimento ilegal. Era a primeira audição do caso, que se prevê arrastar-se até ao segundo semestre de 2026.

Na segunda-feira, dirigindo-se a apoiantes à porta do tribunal, Helgeson reafirmou que o sindicato se manterá firme.

* Nunca os empregadores irão ditar quem há-de poder falar pelo SDU. Numa democracia digna desse nome, tal decisão cabe exclusivamente aos estivadores sindicalizados.

* O SDU não se coibirá de manifestar solidariedade com outros trabalhadores sujeitos a injustiças. Atacar os nossos representantes eleitos não nos silenciará. A decisão dos sindicalizados de estarem solidários com a classe trabalhadora palestiniana mantém-se. 

* É uma vergonha que o Estado sueco esteja, na realidade, a aumentar as suas importações de material militar de Israel quando 20 mil crianças palestinianas foram mortas na ofensiva contra Gaza. De acordo com a organização Save The Children, é o equivalente a uma criança morta por hora ao longo dos últimos 23 meses. O comércio de material militar com Israel tem de acabar.

* O SDU não se deixará abater nem pela difamação nem por exaustivos processos judiciais. Nenhuma compensação ou ajuste que não inclua o regresso de Erik ao trabalho no cais será aceite.

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