Jornal Maio

Quem, Como e Porquê

“Maio”: para pensar e ajudar a transformar o mundo. 

Imaginemos, em cada rua das nossas cidades, vilas e aldeias, um café. 

Ali se debatem temas, se faz teatro, se lê em voz alta, se toca, canta, dança; enfim, se imagina e planeia outro mundo. Uma democracia real, face a face, sem muros nem ameias. 

Assim nasceu no mundo, e também em Portugal, a esfera pública. 

Depois do café, o jornal. Um espaço colectivo onde se expõem, debatem e repensam ideias. Onde se dão e recebem informações úteis sobre vida e luta, política, sociedade, economia, trabalho. Onde se relatam e trocam experiências, se tiram e debatem lições. Tal é o Maio. Um lugar onde cidadãos, gente que vive do trabalho, manual e intelectual, se propõe criticar radicalmente a sociedade onde vive. Rejeitando, na teoria e na prática, que a forma mercadoria e o lucro, ou seja, o capitalismo, seja o fim da história, o único modo possível de organizar a produção e as relações humanas. 

Um espaço que só pode ser democrático e unitário se expusermos abertamente as nossas discordâncias sem concessões no conteúdo, mas fraternalmente na forma. 

Somos socialistas, acreditamos que verdadeira democracia, liberdade e igualdade só são possíveis construindo o bem comum e em liberdade. Dar tudo a todos. Expandir o acesso de todos aos meios de produção, educação e cultura, eliminando a propriedade privada dos grandes meios de produção e troca, os privilégios de classe a ela associados, concentrados numa riqueza obscena que veda o acesso da maioria dos trabalhadores a uma vida digna, plena de sentido e livre. O socialismo no qual acreditamos é um caminho de liberdade, igualdade e trabalho com sentido para todos: os produtores associados deterão a propriedade social dos meios de produção, imaginando e decidindo colectivamente como viver em sociedade, cooperativamente. 

Para alcançar essa liberdade, a ordem do dia é a informação e organização independente de quem trabalha, o combate às guerras e à destruição de direitos que o capitalismo traz no seu ventre. A expropriação do capital, a emancipação do trabalho assalariado será obra dos próprios trabalhadores.

Foram tantos os becos sem saída; o debate tem de ser crítico e livre mas não fútil: medir ideias ao serviço da acção libertadora.

Estatuto Editorial

O projecto do jornal Maio tem uma linha editorial publicada, que guia e vincula a sua redacção. Os sindicatos que apoiam o projecto Maio regem-se pelos seus próprios estatutos e mantêm inteira independência quanto à sua própria orientação e às suas decisões de política sindical. O apoio que dão ao projecto “Maio” decorre dos princípios gerais de defesa dos trabalhadores e da igualdade, solidariedade e fraternidade entre todos os sectores do mundo do trabalho.

Maio é um jornal com artigos e notícias, em texto e audio/video, publicados regularmente numa plataforma em linha. Com periodicidade a definir, será publicado em forma jornal, seleccionando a redacção os artigos e notícias mais actuais e pertinentes. Projectamos também imprimir e distribuir a forma jornal, em versão digital e física. 

O Maio é independente e autónomo do Estado e do mercado. Nasce para trazer para a esfera pública o ponto de vista das classes trabalhadoras sobre os acontecimentos da vida mundial e nacional e a luta de classes em geral. 

O Maio é um projecto editorial ao serviço dos que vivem do seu trabalho, seja ele mais ou menos qualificado, manual ou intelectual. Interessa-nos dar a conhecer os modos de vida, lutas, iniciativas e organizações. Na batalha pela informação, produziremos conteúdos que reflictam pontos de vista dos trabalhadores e reflexões críticas, livres dos compromissos publicitários e demais mecanismos de controlo sobre os órgãos de informação, quer do patronato quer de governos ou outras instituições do Estado, que determinam o jornalismo que hoje se pratica. Seremos, pois, inteiramente financiados pelos leitores e assinantes, pelos trabalhadores e pelas associações cidadãs e estruturas sindicais que acolham o projecto.

O jornal publica reportagens e textos, maioritariamente escritos pela sua equipa de redacção, composta por jornalistas e membros de organizações representativas dos trabalhadores. 

As suas páginas estão abertas a intelectuais, movimentos sociais, companheiros de outras organizações sindicais e representativas de trabalhadores, quer nacionais quer internacionais, envolvidos ou não no projecto editorial.  

O Maio publica artigos de reflexão, análise e opinião, mas também contribuições directamente relacionadas com experiências concretas de vida, trabalho e luta nos locais de trabalho e de vida de quem vive do seu trabalho, sempre numa perspectiva de transformação social em benefício das classes trabalhadoras.

A vida e as lutas, greves, conflitos quotidianos das classes trabalhadoras e a cooperação para neles vencer quase desapareceram dos meios de comunicação social. Ora, não só os operários não desapareceram, como sectores a que tradicionalmente muitos atribuíam um estatuto “de classe média” (médicos, enfermeiros, advogados, professores, e um largo etc.) têm sofrido um processo de assalariamento/proletarização que os integra no conjunto da classe trabalhadora. 

O que, sim, praticamente desapareceu da comunicação social é o que é central na vida das pessoas: o trabalho e os conflitos a ele associados, as questões de modo de vida, a organização desta classe trabalhadora que é a grande maioria da população, nas suas várias formas, sindical, política, associativa, recreativa, cultural. 

Maio pretende dar a todos estes sectores a voz que não têm na “opinião pública”. 

A independência que reivindicamos não é “apolítica” nem “apartidária” nem “imparcial” ⎼ é a compreensão de que, se queremos ser uma plataforma livre de reflexão e acção política, social e económica do movimento dos trabalhadores, se queremos debater na esfera pública os seus projectos e objectivos sociais e de luta, não podemos nem queremos depender materialmente de poderes externos e adversários (empresas, Estado).

O Maio rege-se também por uma total independência dentro do quadro de valores estabelecido por este Estatuto Editorial.

O Maio publicará artigos e peças que não expressam necessariamente as opiniões da redacção ou dos seus apoiantes. O nosso objectivo é compartilhar uma variedade de perspectivas de esquerda, radicais (que vão à raiz do problema) na forma de olhar os problemas, que julguemos interessantes ou úteis aos nossos leitores.