Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2025.
Ruas vazias. Comboios, autocarros e barcos parados. Voos cancelados.
Grandes empresas, escolas, hospitais, parados, fechados.
O país parou. Greve geral.
A imprensa do regime, entrevistando a torto e a direito, só teve dois tipos de respostas: de quem estava em greve; e de quem, não estando, gostava tanto de estar, está solidária, mas tem motivos para ter medo… Solidariedade, até, de pequenos comerciantes e trabalhadores “por conta própria”.
O inexpressivo porta-voz do governo, Leitão Amaro não deu por nada. O seu chefe Montenegro e a milionária ministra do Trabalho fugiram às câmaras: que a maioria está a trabalhar, que é só uma minoria! Ufano, ele, de que The Economist, órgão de imprensa do capital financeiro mundial, proclamara a economia portuguesa a melhor da OCDE em 2025… melhor pelos critérios da revista, de que os principais são a facturação do turismo, a subida dos lucros e, consequentemente, da bolsa, e a moderada inflação — mas uma “inflação” muito especial, donde são tirados os preços dos produtos alimentares e dos combustíveis, que pesam na bolsa de quem trabalha, mas, para milionários, são amendoins!
Lembram-se: também em 2012, um tal Vítor Gaspar, ministro das Finanças de Passos Coelho, cujo chefe parlamentar era Montenegro, proclamou que “o país está melhor, mas as pessoas estão pior”.
Entretanto, o vice-chefe fascista, Frazão, fez vídeos da janela de São Bento a dizer que “os comunistas”, lá em baixo, querem voltar ao PREC.
Admita-se: ao fim da tarde, em Lisboa — e era só Lisboa, pois houve manifestações em cada capital de distrito, não havia transportes —, a multidão imensa que cercava a Assembleia podia suscitar reminiscências de quando os operários da construção civil obrigaram o governo do “almirante sem medo” a entrar em “greve”, em Novembro de 1975!
Contudo, o caudilho fascista, mais arguto que o lacaio, reconheceu, a transpirar, que “os trabalhadores têm razões para estarem descontentes”, a culpa é do governo… Ventura sabe que o país parou. Mais vale demarcar-se.
O virtual porta-voz da Sonae e ex-director do Público, M. Carvalho, preocupa-se no seu jornal com o “devaneio” de Montenegro: que, sim, as “reformas” laborais dele são excelentes; mas não vê o homem que se está a meter por um caminho em que não tem força para ir tão longe e ainda deita tudo a perder; ainda lhe sai o tiro pela culatra?
As televisões notaram: na rua estiveram sindicalistas, trabalhadores dos sectores público e privado, professores, enfermeiros, médicos, operários; mas esteve também, em massa, a juventude; e a gente da cultura. E estiveram imigrantes, estafetas, por exemplo, em Viana do Castelo.
Em Lisboa, horas depois de os dirigentes sindicais acabarem de discursar, milhares não arredaram pé de São Bento. Trabalhadores e jovens sentiram instintivamente que, havendo unidade das suas organizações, a força é deles; e nada os pode parar.
Por todo o país, viu-se que basta a unidade para os trabalhadores e a juventude cobrarem ânimo para derrotar a empresa de demolição dos seus direitos e começarem a forjar um futuro diferente, seu, de trabalho solidário, de igualdade e humanidade, o futuro socialista que a revolução portuguesa começou a abrir há cinquenta anos e continua em aberto.
Agora, é hora de fazer o balanço, em cada fábrica, hospital, escola, decidir da continuação e eleger delegados e comités de greve para a levar a cabo.
A rua disse: ou o pacote de Montenegro vai para a rua, ou vai ele!